Uma história de arrepiar

 Uma história de arrepiar



Março de 2020, especificamente dia 13, uma sexta-feira  em plena aula de Teoria Literária, o professor todo animado apresenta o cronograma da disciplina, quando recebe um inusitado aviso do colegiado, que deixou todos nós em choque.

Aulas suspensas e os alunos devem ser dispensados imediatamente mantendo o distanciamento social, pois a universidade não tem condições sanitárias para continuar as aulas presenciais no período de pandemia. O prédio deve ser se esvaziado imediatamente e os alunos não podem permanecer no campus, todos devem cumprir quarentena em suas casas.

Na saída, eu  pedi ao professor que indicasse um bom livro, descendo as escadas ele disse: leia “Enterre seus Mortos”, você vai gostar. Saímos apressados ainda muito surpreendidos. A cidade amanheceu fechada devido ao decreto Municipal. Eu comprei o livro pela internet, e assim que chegou, eu iniciei a leitura, uma vez que estava entediada, desatei a ler e me vi envolvida com uma história de arrepiar, bebi cada parágrafo, até que devorei a última palavra, eu estava em choque, inacreditável como que ela, uma escritora tão jovem, conseguiu escrever tudo aquilo?  O meu estômago revirava,  inexplicável aquela sensação.

Sete meses depois, uma cena na televisão  aciona minha memória, praias superlotadas, os brasileiros cansados  do isolamento social comemoram sete de setembro de 2020, escolhem a  morte e abrem mão da independência em plena pandemia. O jornal exibe as imagens são corpos esticados sob o sol escaldante, uns sobre os outros, distanciamento social nenhum, aglomeração total.

 Bastaram  aquelas cenas para lembrar da última cena, daquela história de arrepiar, as inocentes ovelhas estendidas no asfalto, junto com seu pastor esturricadas pelo impiedoso raio, e ele a juntar os corpos…, e aquelas pessoas ali estendidas, uma vez  que, escolheram arriscar suas vidas e de seus familiares, isso sim é uma história de arrepiar, saber que nós que seguimos  mantendo o isolamento social, temos que enterrar os  nossos mortos, realmente é de arrepiar.

Por: Sônia Rocha

Sete de setembro 2020.





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